Aproveitando esta semana de férias, trouxe comigo o que a minha mulher apelida de "amante" (a minha bicicleta de montanha) com o intuito de explorar as magníficas montanhas circundantes.

Assim, esta terça-feira, depois de devidamente equipado e após um substancial pequeno-almoço, fiz-me à estrada começando logo por enfrentar a mais dura subida do dia; em pouco mais de cinco quilómetros, o caminho florestal do Pisão sobe cerca de 700 metros em altitude (dos 300 para os 1000) com a agravante do piso estar em muito mau estado devido às chuvas que, ajudadas pelo acentuado declive, gravam sulcos profundos todos os Invernos. De uma paisagem bastante arborizada nos primeiros quilómetros passamos ao inverso logo a partir do terceiro quilómetro de subida quando se vislumbra do outro lado do vale a aldeia de Arada.

Depois desta subida, chega-se a uma zona de planalto onde imperam quixotescos moinhos de vento (modernamente chamados de aerogeradores) que rasgam a outrora prístina paisagem. Um mal necessário - penso eu - enquanto gotículas de suor me escorrem rosto abaixo perante a hercúlea tarefa de enfrentar tão íngreme geografia debaixo do calor tórrido de pleno Agosto.

Um dos muitos parques eólicos que povoam a serra

Ao chegar à aldeia da Coelheira, enquanto sou presenteado pela água límpida e pura de uma abundante fonte, acercam-se de mim, latindo, dois "canitos" logo seguidos do respectivo dono. "Está quieto, Bolinha!!! Diacho do cão!!! Ei, vai-te embora!!!"
"Óh senhor - inquiro eu - como é que se vai daqui para Drave?"
"Você vem justamente dessa direcção. Drave fica para trás. Você deveria ter cortado na estrada de alcatrão à direita. Mas olhe que Drave não tem nada. A aldeia está desabitada e o acesso é difícil, por uma estrada muito íngreme de terra batida" - responde-me ele, desencorajando-me a empreender a jornada.
"Bom dia, amigo, e obrigado." - despeço-me eu, tendo já reposto o bidão com água fresca.

Sigo assim na direcção oposta, passando pela Fraguinha, agora com nova gerência, em direcção a Póvoa das Leiras e depois a Candal.

Edifício principal da Fraguinha

De Candal, após inquirir novamente um dos locais, sigo por um descendente estradão de montanha em direcção a Covelo de Paivô. Esta é mais uma bem preservada aldeia aninhada no fundo de um vale, transpirando serenidade e ruralidade; não fora o ruído ocasional de um ou outro carro de matrícula estrangeira (dos muitos imigrantes que gozam merecidas férias em terras lusas) e pensaríamos estar parados no tempo, algures em meados do século XIX.

Neste ponto, como as pernas começavam já a sentir os efeitos do acumulado ascendente e o tempo corria veloz, optei por seguir pela estrada de alcatrão em direcção ao São Macário subindo, ironicamente, pelo Portal do Inferno. Pelo caminho, oportunidade ainda para vislumbrar uma mão-cheia de outras aldeias esquecidas no fundo de profundos vales ou equilibradas em encostas rochosas, fazendo-me esquecer, ainda que por instantes, as agruras da tortuosa subida.


O Portal do Inferno

Regresso ao parque de campismo algo cansado mas com a retina preenchida por uma miríade de imagens fabulosas de lugares onde o tempo parece ter estagnado para dar lugar ao espectáculo dramático da adaptação humana às condições adversas que a natureza impõe. Nunca, como aqui, foi tão nítido (pelo menos para mim) que o Homem precisa de muito pouco para viver feliz. Dependendo da pastorícia (muitas são as cabras e vacas que pulam e calcorreiam estas serranias em busca de alimento) e de uma agricultura de subsistência essencialmente cerealífera, os habitantes destas tão próximas mas, ao mesmo tempo, remotas paragens, levam uma vida simples desde tempos imemoriais, como disso são prova algumas construções castrejas espalhadas pela serra.

Outro fenómeno assaltou-me também a mente; o do regresso a estas aldeias de alguns dos seus habitantes que, até há bem pouco tempo, viveram na capital. Recordo aqui o caso célebre de um casal relativamente jovem que, não conseguindo suportar o bulício de Lisboa, regressou à calma tumular da aldeia da Pena (esta história verídica deu origem a um documentário que a SIC exibiu com o nome de, salvo erro, "A Menina da Pena").



Voltarei a estas montanhas para me perder (e assim me encontrar!!!) porque por elas, irremediavelmente, me apaixonei!!!

Comments (2)

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