Recebi, nos comentários, este texto do meu amigo PC (aka 28) ao qual decidi dar aqui mais visibilidade:


Olá caro vizinho guy matos.
(um nome um bocado panisgão, diga-se de passagem)

Vou-te contar um momento fascinante que se passou comigo hoje. Como bem sabes, sempre que o calendário atlético me permite efectuar uma perninha ciclista aos domingos de manhã, não hesito e lá vou eu na minha máquina a pedal adquirida a preço de ocasião. Os meus pais preferiam que eu fosse à missa mas acho que aquilo é sitio onde não se aprende nada, enquanto nos passeios de bike sempre dá para ficar a conhecer os pontos quentes e as metas volantes que merecem a nossa atenção, nomeadamente os melhores tascos e tabernas da região, onde se pode parar para abastecer o bidon (ou garrafa plástica como diria Marco Chagas) com isostar, powerade ou tinto vinicola do bom.

Acontece que hoje saí de casa pela fresquinha, à hora em que a maior parte dos romeiros do São Paio se deviam estar a deitar, e decidi rumar até à pateira de Fermentelos para verificar "in loco" a praga de jacintos que por lá caminham sobre as águas, quais Jesus Cristo Redentores.

Quando passava ali na zona vinicola ultra demarcada de Alquerubim, rolava a uma velocidade estonteante estimada em mais ou menos, 28/30 km/h, o que já não é de envergonhar para um saloio de domingo dono de uma bike de BTT que custa para aí 1/10 do que as grandes máquinas velocipédicas que vemos rolar por aí.

E é então que ali na zona de Pinheiro (que deve ser o nome mais comum em localidades portuguesas) ao ultrapassar um ciclista profissional-amador montado em bicicleta de estrada, fui brindado com um insulto por parte do agente ultrapassado. Mas não foi um insulto qualquer, como diria alguém que agora não me lembro do nome. Foi um insulto mesmo para me arrasar, um insulto como há muito não recebia. Foi-me dito pelo individuo: Ó PIÇO!! NESSA BICICLETA DE CICLOCROSSE NÃO FAZES NEM 100 KM!!!

É um insulto tão fora do comum e cómico que nem sei por onde começar. Em 1º lugar fiquei estupefacto perante tão grave acusação, ainda para mais vinda de um "colega" de estrada. É pá, se fosse de um motoqueiro ou até mesmo de um idoso movido a "papa-reformas" ainda se compreendia, mas vindo de um "parceiro" de estrada? E isto aconteceu mesmo no meio da povoação, perante diversas testemunhas oculares e auditivas, que certamente devem ter pensado que eu acabava de roubar o farolim do individuo ou algo parecido.

Bem, costumo guardar respeito por todos os "maluquinhos" desportistas que tal como eu se levantam da cama a um domingo de manhã para ir fazer o desporto preferido, quando o normal até seria ficar nas mantas até ao meio-dia junto da esposa (ou do esposo, conforme a orientação do selim de cada um). Mas para este "profissional" das 2 rodas sem motor abro uma excepção porque a criatura é um perfeito idiota ambulante. Compreendo que ele não tenha gostado de ser ultrapassado por um sujeito montado numa bike de custos controlados e equipado com calções de praia, t-shirt de grande prémio de atletismo, sem capacete e sapatilhas velhas sem atacadores, mas insultar assim dessa maneira grotesca a minha menina de 2 rodas, isso eu não admito!!

BICICLETA DE CICLOCROSSE!!??

A minha bicicleta é uma bicicleta COMUM, tal como a gripe do Ronaldo que também é comum. Catalogar a minha bicicleta de "ciclocrosse" é meter-lhe um rótulo que ela não merece e eu nem gosto de palavras feias. Faz lembrar o cardiofrequencimetro do outro de Canelas.

Outra coisa que descobri graças a este original insulto é que afinal parece que as categorias das bikes medem-se consoante a sua capacidade para fazer 100 km, ou não. A gente chega à loja e conforme o orçamento disponivel, compramos uma bike das boas que faça para cima de 100 km, ou então é melhor ficar por uma bike que faça menos de 100 km. Assim daquelas que chegam aos 90 km e recusam-se a continuar o percurso. Eu, pessoalmente, nunca vi nenhuma bike a fazer 100 km, nem a do Paulinho no Tour. Que eu saiba quem faz os 100 km são as pernas do ciclista e não a bicicleta. A bicicleta ajuda, claro, mas acho que nesta espécie de ciclista que me insultou, nem a TREK do Armstrong faria milagres!!

Eu não tenho culpa que o triste não consiga levantar cu do selim (ou será tirar o selim do cu?) e ande nas estradas portuguesas a empatar a vida aos restantes ciclistas que mais não querem do que efectuar um percurso livre de obstáculos e empecilhos. Enfim, acredito que este tipo seja uma excepção no companheirismo que existe no ciclismo, praticantes de triatlo e duatlo, cicloturistas, etc, mas tal como no atletismo, também deve haver aí no “teu” duatlo assim uns cromos dignos de figurar na caderneta da panini. É que este nem era bem um cromo. Era mesmo um ASNO sobre 2 rodas. Mas atenção!! Um asno profissional!! E a sorte dele foi eu seguir caminho e não me chamar pato marreco senão nem quero imaginar onde é que a bicicleta dele iria parar.
Posted by Alien to Pegasus, the winged horse at September 6, 2009 8:52 PM

Comments (3)

On September 7, 2009 at 1:32 PM , Anonymous said...

Muito bom mesmo. Como diz o outro gostei...
Paulo Pitarma

 
On September 9, 2009 at 6:14 PM , zé bisnaga said...

Jasus!!!!!
Esse 28 é demais...
Sempre a bombar!É normal que um cromo com barriga que só pega na bike ao fim de semana(e se estiver sol)não admita ser ultrapassado por um amador rasco.Mas daí aplidar a bike de "ciclocrosse"??
Eu devia ir pra estrada na minha pasteleira roda "28"(que deixa um rasto de pneu queimado por onde passa) que ao passar por esse asno esticava a perna e lá ia ele ver o mato...
Há cada cromo nesta terra sem humildade que atá assusta!!!
O que vale é que tipos como nós levam o desporto com fair play e sem arrogancias...

ps:28 sempre no seu melhor

 
On September 15, 2009 at 8:25 AM , Xutos said...

Infelizmente existem muitos ciclistas, que pensam que é a marca da bike que faz andar, mas esquecem-se que sem pernas não há nada a fazer.
Já procurei em tudo o que é lojas, mas ainda não consegui encontrar um KIT DE PERNAS, à venda....